segunda-feira, agosto 31, 2009

H1Nlove

É epidémico, tem cura mas o paciente mostra-se bastante resistente em aceitá-la. É um flagelo social, triste, embaraça-me.

Falo de algo que de que tenho vindo a ganhar percepção. Já sabia que existia, mas não tinha noção da forma como se tinha instalado: o modo como as pessoas jogam com a vida dos outros e com a sua própria. Em primeiro lugar, pelo facto de acharem que sozinha não conseguem. Apenas ganha forma o seu projecto de vida, a valorização pessoal quando têm alguém.

Sei que ninguém quer estar sozinho. Não me refiro, naturalmente, aos estados de solidão crónicos. Falo-me ao fim de relações e de busca imediata que se faz, em seguida, para alguém substituir o lugar que ainda não arrefeceu.

Chamemos-lhe Hermínia. Acabou com uma relação de 10 anos com o Alberto. Ora, precisa que outro Alberto que lhe coce a comichão. Vai sair à noite. Traz 3 novos números de telemóvel para casa. Como especialista de Recursos Humanos que é, avalia os candidatos por fases. Uns vão passando à próxima, outros ficando pelo caminho. Que avaliar? Em primeiro lugar, a estabilidade financeira que lhe pode proporcionar. Depois, se lava a vista ou não. Depois... logo se vê. O que realmente importa já foi dito.

Na saída seguinte, ou no hi5 ou facebook, ou afins, vai angariado mais contactos. Passa à fase de os pôr à prova fisicamente. Vão "beber cafés", depois sair mais umas vezes. Depois... já se sabe.

Ora, nenhum sabe da existências dos outros potenciais candidatos, ninguém sabe que está a ser testados. Todos crêem na beleza da aleatoriedade do universo dos encontros e na magia da criação de laços e fortalecimento de sentimentos. Nenhum sabe que vai ser metido a andar assim que a selecção for feita.

Hermínia falha de novo, escolhe mal, ou novo Alberto se arrepende e tudo começa. Desta feita com a facilidade de já ter anteriores contactos e ser relativamente fácil meter idiotas a pensar que se arrependeu, que afinal é especial.

E pronto. Aposto que todos conhecem uma Hermínia. Eu conheço várias.

terça-feira, junho 16, 2009

Não sou só uma embalagem

Deixo aqui a música que voltou ao meu coração:

Just lump everyone in. Then you don't have to begin. To use discrimination. And to set the matter straight. And to end some pointless hate. Here's some information: I'm not proud of my place of birth. some random place on earth. I claim no nationality. I'm no religious institution or denomination. I'm a separate personality. Don't put your labels on me. There's so much more you can't see. Stop soncocting stories, inventing categories. Of who I should be. We're all in cults - I'm not alone. Before you go and cast the first stone. Think of all thats programmed in your head. All these loaded words aside, The question is: how to purify life? Soon you'll be dead. Although you point at me. It's obvious to see: That all the people do conform. And that this whole world's a stage. And everyone's engaged in dressing in different uniforms. To become unconditioned from society. You must know who you are, originally. Take a look at the costume you wear. From your sneakers to your hair. Who's life is the fantasy? All designations aside. I'm not trying to hide. Behind some churchianity. We're all wandering spirit souls. And if you too want life's goal. We must develop honesty

Shelter- Not just a package

quarta-feira, junho 10, 2009

Momentos

Há momentos que nos ficam gravados na memória de forma indelével. Vou deixar aqui uns.

- Uma dia, antes de um concerto de New Winds, ainda não tinha ninguém entrado na sala, só o pessoal das bandas, meteu-se o Tiago a tocar baixo para estar entretido. Nisto o Break agarra no microfone e o Tiago começou a tocar a Progressive Man, de Shelter e o Break a cantá-la. Ninguém estava lá a ouvi-los, só eu. E bateu-me de uma maneira absurda. Para quem não sabe que música é vá procurá-la, mas basicamente tem uma letra brutal, onde é descrita a forma fria como o Homem pode agir com outra pessoal. É uma letra de uma sinceridade chocante. Ainda hoje me lembrei disso.

- Eu, a Cátia e a Ana Rita, em casa da Ana Rita a ver fotos dela quando ela era pequena. Nisto surge uma que desencadeou o maior ataque de riso que alguma vez tive. Doía-me tudo. Tive de fugir de ao pé da Ana e a Cátia veio a correr atrás de mim e trancámo-nos no quarto dos pais da Ana porque ela se ria tanto que só de olhar para ela ainda ríamos mais. Resultado, eu no chão a rir porque não tinha, literalmente, força nas pernas para andar. A Cátia na mesma figura. E a Ana também, mas do lado de fora do quarto porque não a deixei entrar porque corria sérios riscos de molhar as calças pela primeira depois de ter aprendido a usar a sanita. Não garanto que tenha resultado na totalidade. A foto em causa, não a vou descrever porque é daqueles momentos nossos. Dava meio fígado para a ter. Não teria um dia triste na vida.

- Eu e a minha prima nos Verões dos Foros de Amora. Começou a trovejar como se não houvesse amanhã. Que é que as duas chicas-espertas fazem? Dirigem-se ao telhado para ver melhor. Apanhámos uma molha valente e, felizmente, nenhum raio. Uma vizinha viu-nos e chibou-se. Castigo. Dia seguinte, queríamos ir ter com os gandulos à noite, mas estávamos de castigo. Que fazemos? Saltamos o portão. Saltei, vem a Lili atrás e fica presa pelas costas da camisola nos picos do portão. Lá voltei a entrar e tentei soltá-la sem fazer barulho, já que estávamos a cometer ilegalidades. Resultou, mas contemos o riso até chegarmos ao fim da rua.

- Eu e o meu irmão. Uma vez deu-nos uma pancada qualquer quando começámos a ouvir a Bullet with butterfly wings, de Smashing Pumpkins e agarrámos numa almofadas e fizemos o maior espancamento almofágico de sempre, acompanhado por um headbang mesmo à hóme. Tive 1 semana com umas dores no pescoço que não virava a cabeça para lado nenhum.

- Eu, Kiko, a Vera e o meu irmão. Fomos explorar os montes barcarenenses, estava a Crel em construção e ainda dava para atravessar a pé. Vou eu munida do top, os calções de lycra e umas sandálias mesmo à Verão de 93. Que tinha uma sola toda flexível e uns elásticos. O Kiko tinha descoberto uma entrada para um mina, que tinha sido tapada, mas tinha um buraco por onde conseguíamos entrar, de cabeça. Assim fizémos. Não sabíamos é que no fundo do buraco havia umas escadas. Ora, entrámos julgando que era só meter as mãos no chão e deixar entrar o resto do corpo. Diga-se que a cornadura foi escada abaixo parecia o Space Shuttle. Já lá dentro, havia 3 caminhos por onde seguir. Um estava tapado ao fim de poucos metros. Outro era escuro e não se via o fundo e o último via-se uma luz no fundo do túnel. O meu irmão e a Vera borraram-se todos e ficaram nas escadas e eu e o Kiko seguimos o túnel que ficava cada vez mais baixo até acabarmos por ter de fazer os últimos metros de rastos no chão até chegar à luz. Que luz era? Do céu, estávamos no fundo de um poço. Satisfeita a curiosidade saímos e fomos à procura de mais minas. No fim da tarde, decidimos ir por um atalho e descemos a vertente por um cano de escoamento de água que estava seco. A ideia era descer tipo escorrega, mas quando nos sentámos deixámos entrar pedrinhas e descemos não sei quantas dezenas de metros com pedra a raspar debaixo do cu. Conclusão, cheguei cá a baixo e tinha o rabinho todo queimado. Foi de uma agressividade que fiquei com dois buracos enormes nos calções e uma ferida enorme em cada nádega. Fui a correr para casa para tomar banho e ir para os anos do Marcos. Não me sentei a festa toda.

Um dia conto mais.

quarta-feira, junho 03, 2009

Lindo dia

"Suss, tenho boas e más notícias. As más é que esta estação de seu nome Foros de Amora na verdade fica na Cruz de Pau e vamos ter de andar até à casa da minha avó, essa sim nos Foros de Amora. A boa notícia é que não está a chover."

E ao caminho nos fizemos com o meu sempre fiel e desobediente canito, Dennis. Para não variar nada, que a gente até gosta, a falar da vida. Das nossas eternas dúvidas existenciais. Adoramos ficar que tempos a analisar circunstâncias e eventos para no fim concluirmos que não sabemos nada. Resume-nos a comuns mortais e assim gosto que seja. A pressão de saber mais ou ser mais pode ser esmagadora e traz tão grande responsabilidade. Retira-nos a justificação para as nossas próprias menos boas acções. Sendo iguais podemos sempre alegar que errar é humano... Mas sabemos mais que isso.

Vemo-nos constantemente e evoluir na idade e a manter velhos hábitos, velhas dúvidas, velhas cruzes. Eu gosto, faz-me sentir mais humana. Para alguém que tem uma certa arrogância (como é o meu caso), ter tanto que me foge ao controlo é uma lição de humildade.

Lá continuámos até ao pinhal para prosseguir com as confissões. Nada como nos expormos as nossas vulnerabilidades perante uma certa beleza cénica.

Foi muito bom. Felicidade pode ser uma boa conversa e uns pés cagados.

terça-feira, maio 19, 2009

Palas

Nos olhos, claro está.

Eu tenho valores que defendo. Com determinação, mas de forma discreta. Já fui mais agressiva nas minhas manifestações, agora não tenho tanta paciência para me defender.

Uma coisa que fui aprendendo ao longo do tempo é que as pessoas quando entram num debate, raras vezes é para aprenderem alguma coisa com ele. Quando discutem é para ganharem (não sei muito bem o quê). Sou vegetariana há 10 anos e já ouvi TODO o tipo de argumentos contra. É que todos. Cada pessoa que me abordava em relação a essa temática tinha a sua própria teoria contra, achando-a brilhante e original, sem saber que já a tinha ouvido dezenas de vezes. Nunca ouvi um argumento que cilindrasse a pertinência da escolha do meu tipo de alimentação.

A razão é simples. As pessoas assumem que se sou vegan é porque sou uma defensora acérrima dos direitos dos animais e, quanto a isso, há sempre incoerências. É extremamente difícil abdicar de produtos livres de crueldade. À partida assumo que toda a gente considere os humanos como animais. Há-de me dizer um vegan que seja que leva uma vida livre de crueldade, que não consome produtos com animais e vindo da exploração de animais (humanos incluídos).

Deixo aqui bem claro porque motivo não bebo, não fumo e não como produtos de origem animal. Em relação à bebida e ao consumo de substâncias, não é certamente porque uma banda nos anos 80 decidiu cunhar a expressão que veio a definir todas as pessoas que vivem livres disso. Não fumo e não bebo porque prezo a sanidade do meu cérebro e a integridade do meu corpo. Não o fazia muito antes de ouvir a expressão Straight Edge. Já experimentei vários tipos de bebidas alcoólicas na minha adolescência e a verdade é que não gostei de nenhuma. Não gostei da sensação do álcool a escorregar garganta abaixo e ninguém me diga "esta é fraquinha nem sentes o álcool" ou "sei uma bebida que ias adorar, parece sumo". Se tiver uma gota de álcool, eu noto e não gosto. E não compreendo porque pessoas bebem bebida atrás de bebida para alterar o seu estado. Eu gosto de ter noção do que faço.

Em relação ao fumo, em primeiro lugar abomino a indústria tabaqueira em segundo lugar, também me permiti experimentar e usufruir do que não se pode na adolescência. Deu para rir, move on.

No que concerne o veganismo, também é simples. Em primeiro lugar, porque posso. Vivo numa sociedade que tem ao meu dispôr todo o tipo de produtos para que não me falte nada. Se vivesse numa ilha com poucos recursos, teria de comer peixe. Precisaria das proteínas e dos sais minerais e não teria outra escolha, já que para mim ficar doente não é opção. Em segundo lugar, porque a criação intensiva de animais é cruel, destrói o ambiente e é desnecessária.

As pessoas comem 3x mais proteínas do que as que necessitam e têm a errada ideia de que precisam de comer carne todos os dias. Na verdade não precisam de comer carne alguma, uma vez que vêm satisfeitas a suas necessidades nutricionais com todos os outros produtos.

Não tenho nada contra a predação, considero-a natural. Animais comem animais. Tribos caçam, porque a carne é um contributo valioso para a sua alimentação. Algumas fazem rituais de agradecimento ao animal que sacrificou a sua vida para que eles pudessem sobreviver. Esse tipo de respeito pela vida não existe na nossa sociedade. Na qual não faz sentido algum caçar, porque há comida em todo o lado. Caçam por recriação.

Vegan e sXe que militam pelas suas causas, mas depois compram roupa de marca, comem como uns ursos, apoiam iniciativas que têm origens duvidosas, metem lenha no forno capitalista, não fazem sentido algum. Antes de criticarem quem come carne, olhem para as vossas próprias incoerências e mudem-nas. Chama-se crescer.

segunda-feira, maio 18, 2009

Português e a ópera

Fui ver o Carmina Burana. Era uns dos tópicos de "coisas para fazer antes de morrer". É brilhante. Infelizmente, os meus hábitos não me permitiram apreciar o espectáculo como devia. Estou habituada a ir dormir cedinho e acordar cedinho, ou seja, adormeci umas quantas vezes.

A sala era medonha, com um acústica terrível. Principalmente para um espectáculo daquela natureza. E os cartazes da Sagres por todo o lado, conferiam uma atmosfera pirosona.

Ponto alto: o indivíduo que estava atrás de mim levou uma saco do continente cheio de snacks e estava quase a estourar-me a paciência. Sempre a mexer os sacos e a fazer aqueles barulhinhos irritantes do plástico. Que passa pela cabeça de alguém para ir artilhado da batata frita e afins para um concerto de Beethoven e Carl Off? "Oh filha, despacha-te porra que o Bitóven 'tá quase a começar! Trazes a sande de coráte? E a jola?"




(estúpidos...)

sexta-feira, maio 15, 2009

Pius do meu coração

Aqui fica a lista das minhas aves favoritas:


Ciconia ciconia - A nossa cegonha. É a minha ave preferida. Nunca me canso de ir ver cegonhas.



Elanus caeruleus - Peneireiro cinzento. Só vi duas vezes, mas chegou-me. Os olhos rubi são lindos. Tenho a foto de um no meu quarto, que nunca sai de lá.


Athene noctua - Mocho galego. Se me dissessem assim "escolhe aí uma ave para ser tua amiga", era este. Gostava de ter um mocho amigo. Eu chamava e ele vinha e eu dava-lhe beijinhos. E depois ia de novo à vida dele.

~
Corvus corax - Corvo. Sempre gostei. Deve ter começado nos 90's quando vi o filme. Mas sempre respeitei a inteligência destes bichos. Para quem não sabe, é o maior pássaro do mundo. Curioso o escrever "Corvus corax" no Google e só aparecerem cenas da metalada belzebu.
Vá, já chega.

Ontem esqueceu-me

De um outro ódio de estimação: inventar títulos. Odeio ter de me lembrar de nomes para textos ou fotos ou o que for. Que coisa.

Early bird

5:34 da manhã. Olhei para o relógio e pensei "vai-te encher de moscas, man!" Aquilo não era hora. Virei-me para o outro flanco. E de volta para o mesmo. E de novo para o outro. E...

Estava desperta como se tivesse levado com um balde de Champomi gelado nas fuças. Como há poucas coisas que me irritem mais que ficar na cama quando não tenho sono, levantei-me. Despachei-me e saí de casa. Nem vos digo a hora. Vim para Lisboa munida da artilharia fotográfica. Bem, tirei meia dúzia de fotos, mas valeu o passeio. As dinâmicas matutinas são engraçadas. E fazer as coisas com calma em vez de andar sempre a correr, tem outro sabor.

Estive que tempo a observar uns pombos (sim, eu gosto de pombos e não os considero ratos voadores) a comer milho no jardim na Praça da Alegria. Estava um pequeno pardalito a tentar gamar qualquer coisinha, mas viu-se grego. Foi embora com o buxo vazio, coitado. É difícil viver num mundo de grandes, quando somos pequenos, no sentido literal e no sentido figurado.